Portugal, 10 de Novembro de 2006
O Conselho para a Globalização tem por finalidade congregar a reflexão e o entendimento de líderes influentes da empresas multinacionais quanto à forma de promover uma Globalização Plural e de envolver nesse desígnio essas e outras empresas, autoridades nacionais, ONGs e a sociedade no seu todo.
Portugal configura-se, desde logo por razões históricas, como quadro ideal para um Conselho desta natureza.
Nesta sua primeira reunião, os membros do Conselho são convidados a discutir três tópicos:
1. A Vantagem Metanacional
Como se poderá incentivar o desenvolvimento de novos produtos e de novos modelos e estratégias de negócio aprendendo com o mundo? As empresas podem criar a sua própria vantagem competitiva através da integração de capacidades, de aptidões e de conhecimento de mercado que se encontram dispersos pelo mundo fora. Este tipo de vantagem competitiva – a vantagem multinacional – assenta num processo de inovação verdadeiramente global e numa mentalidade empresarial que vê na diversidade de contextos a fonte determinante de novo valor económico. Numa empresa metanacional, perde sentido a ideia de encontrar na superioridade nacional o atributo explicativo da diferenciação de performances. A vantagem metanacional é uma alternativa válida não apenas para as empresas multinacionais que pretendem manter a sua actual liderança num mundo que se apresenta cada vez mais complexo, mas, sobretudo, para os empreendedores e para as empresas de economias emergentes que procuram expandir-se e competir à escala global.
2. As Vias de Acesso e as Barreiras à Globalização
Para competir, as empresas precisam de bons produtos e de capacidade para os fornecer. Mas, para adquirir dimensão global, precisam igualmente de certas condições que, em larga medida, lhes são exógenas. Pode tratar-se, entre outros casos, do acesso aos grandes centros financeiros mundiais ou aos meandros dos direitos de propriedade intelectual. Podem ter necessidade de criar aptidões apenas susceptíveis de serem desenvolvidas fora dos seus países de origem.
Sucede, contudo, que algumas das vias que conduzem à globalização permanecem escassas e frágeis, ao passo que as barreiras avultam. As condições com que se defrontam as novas empresas que, tendo já atingido uma velocidade de cruzeiro, procuram expandir-se internacionalmente estão, por isso, ainda longe de ser as ideais. A forma de chegarmos a uma globalização plural passa não só por agir em conformidade no que diz respeito às nossas empresas internacionais, mas também por assegurar que surjam cada vez mais empresas multinacionais no maior número possível de países. Daí a necessidade de criar novas vias de acesso e de remover as barreiras existentes.
3. Alargar os benefícios da interligação
Se bem que o mundo esteja ainda longe de ser “plano”, não há dúvida de que o custo associado à distância se reduz de dia para dia. Não são apenas as tecnologias de informação e comunicação que tornam possível a interligação à escala global; são também os novos desenvolvimentos tecnológicos e a maior eficiência a nível dos transportes em geral, bem como a redução dos custos político-administrativos das operações internacionais. Qual poderá ser o contributo para a aceleração destes progressos? De que forma poderão as empresas tirar o melhor partido dos avanços que, em matéria de tecnologias de informação, emergem diariamente dos centros de pesquisa? Que mais deverão as empresas multinacionais fazer no sentido de proporcionar uma melhoria das supply chains globais que contem com o envolvimento de parcerias locais? Como assegurar que os custos políticos da distância se mantenham relativamente reduzidos?